A Invenção de Hugo Cabret (2011)
Origem : EUA
Diretor : Martin Scorsese
Roteiro : John Logan, Brian Selznick
Com : Asa Butterfield, Chloë Grace Moretz, Christopher Lee, Ben Kingsley
Pura magia! Puro sonho! Um filme que já nasceu com cara de clássico!
No fim de 2011, Scorsese resolveu dar uma de papai-noel, nos presenteando com um filme que é uma benção, um conto absolutamente mágico, cheio de encantos, fantasia e poesia!
Baseado no livro “A Invenção de Hugo Cabret”, de Brian Selznick, a história se passa na Paris dos anos 20, no período entre guerras. Hugo Cabret (Asa Butterfield) é um órfão que mora escondido na Estação de Montparnasse, cuidando para que o grande relógio dali nunca pare de funcionar. Como única companhia, ele mantem, em seu “quarto”, um antigo robô “sem vida”. Faltam-lhe peças e também uma misteriosa chave em forma de coração. O menino sonha em reavivar o robô para, assim, diminuir sua solidão.
Seguindo as instruções anotadas em uma caderneta, vez por outra Hugo pega escondido algumas peças de uma loja de consertos de brinquedos, localizada na própria Estação. O dono da loja – Sr. Georges (Ben Kingsley) – é um velho ranzinza que mantém um olho bem atento aos pequenos furtos do menino.
Assim, nessa busca quotidiana por dar vida ao robô, Hugo vai se metendo em pequenas encrencas e confusões, sendo sempre perseguido pelo guarda da Estação (interpretado por Sasha Baron Cohen) e por seu cão. Mas é também justamente por causa destas encrencas que ele vai conhecer Isabelle (Chloë Grace Moretz), uma órfã de alma aventureira, criada por seu padrinho, Sr. Georges. Juntos, os dois vão viver aventuras maravilhosas que os conduzirão a grandes descobertas, como à da verdadeira identidade do velho ranzinza. Mas deixo a vocês o prazer das descobertas…
Plasticamente falando, o filme é um deslumbre. A sequência do início, com um longo travelling na Estação, auxiliada pelo efeito 3D, é de cair o queixo! Fora os diversos planos em plongée ou contra-plongée total… Fantásticos! Paris no inverno está deslumbrante! A neve que cai em vários momentos do filme é tão real e tão mágica que temos, de fato, a sensação de estarmos lá com Hugo. Lindo, lindo, lindo! “Chapeau” para a maestria com que a 3D foi usada!
Tudo isso, sem falar na grande lição de história do cinema que é esse filme. Nele podemos ver trechos de clássicos da sétima arte, como filmes dos irmãos Lumières, de Chaplin, Buster Keaton, Harold Lloyd… Show!
Finalmente, o filme é também, e principalmente, uma linda homenagem a este grande homem que foi Georges Méliès – o primeiro a enxergar a magia que o dispositivo cinema era capaz de gerar. O primeiro a entender que o cinema podia ir muito além do registrar em imagens a realidade. O primeiro a ser capaz de oferecer sonhos por meio dos hoje tão aclamados (e utilizados) “efeitos especiais”.
Obrigada, Scorsese, por esta brilhante homenagem que Hugo Cabret presta ao Pai dos Efeitos Especiais, justamente neste momento em que vivemos uma transição tecnológica, com a era da película ficando para trás e a digital se impondo com força total.
Obrigada, Méliès, por ter-nos feito enxergar muito além da realidade. Por ter-nos feito acreditar no sonho do cinema como sonho.
Absolutamente imperdível!